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Árvores consideradas adultas, com mais de 30 anos, foram cortadas na semana passada
Os moradores da localidade de Sarandi, que fica na divisa dos municípios de Dilermando de Aguiar com Santa Maria, ainda custam para crer no que viram. Ainda na última sexta-feira (23), uma caminhonete da RGE chegou até o local e, em poucos minutos, teriam iniciado o corte de árvores nativas. O que causou estranheza é que, sobre as árvores derrubadas, não há qualquer rede elétrica que justificasse a supressão da vegetação naquele local- que, inclusive, derrubou exemplares de maricá, de angico e ainda de coqueiros. A ação da equipe, conforme relatos que a coluna teve, é que mais de uma equipe esteve na localidade.
- Foram cortados coqueiros que tinham, seguramente, 30 anos. O questionamento que faço e que os demais moradores fazem aqui é um só: qual o motivo de derrubar essas árvores se a rede elétrica passa do outro lado da estrada - indaga uma moradora que vive na localidade há cerca de 40 anos.
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Coqueiro cortado caiu dentro do Arroio Sarandi
Procurado pela reportagem, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou que a situação consiste em uma primeira análise um ato, no mínimo, de descuido e de total imperícia. O analista ambiental José Dinarte Buzzatte esteve no local, nesta semana, e analisou o cenário.
- Constatamos, ali, que na beira do Arroio Sarandi houve o corte de vegetação nativa e, principalmente, de árvores adultas como: angico, amaricá e coqueiros. Foram, pelo menos, cinco árvores de grande porte e que não poderiam ter sido suprimidas. Elas estavam em uma faixa de domínio em uma APP (área de preservação permanente).
Dinarte enfatiza que pelo fato de não haver qualquer fiação elétrica próxima das árvores, não há motivo aparente para o corte:
- Não há, aparentemente, qualquer motivo plausível para a supressão dessas árvores. E, se fosse o caso (dos cortes), teria que ter tido uma compensação. Ou seja, outras teriam de ser plantadas.
O Ibama expediu, nesta quinta-feira, uma notificação à RGE para que se manifeste, uma vez que os moradores afirmam que os cortes foram feitos pela concessionária. A empresa terá 15 dias para emitir uma posição. A reportagem também encaminhou e-mail à assessoria da RGE que enviou, abaixo, a seguinte nota:
O QUE DIZ A RGE:
"A RGE informa que realizou podas e supressões de árvores na sexta-feira nesta localidade. A atividade faz parte das ações de manutenção ambiental da rede elétrica realizadas de maneira contínua pela distribuidora. A prática é necessária para garantir a segurança da população, dos animais e do sistema elétrico como um todo. A RGE ressalta que segue todas as normas técnicas e legislações do setor para a realização de qualquer poda ou supressão, entre elas a ABNT NBR 15688:2012 e a Licença Única Nº 338/2019 e Nº 339/2019, de 11/07/2019, emitidas pela FEPAM, com as devidas compensações ambientais sendo regularmente cumpridas pela RGE conforme alinhamento com o órgão estadual. Por atuar dentro da regulação da área, não há registro de qualquer notificação recebida pela distribuidora em função das ações realizadas na sexta-feira em Dilermando de Aguiar.
Informamos ainda que a RGE mantém contratos para certificação da qualidade das manutenções ambientais realizadas, assim como oferece treinamentos e reciclagens constantes a todos os seus colaboradores, agindo com grande responsabilidade sobre o tema. Isso conferiu à RGE, em 2019, o Prêmio ABRADEE (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), nas categorias Socioambiental e Satisfação dos Clientes, como melhor distribuidora do Brasil nas referidas categorias, o que reforça o compromisso permanente com a excelência na qualidade do serviço prestado aos clientes e às comunidades onde atua.
A RGE alerta os clientes sobre o plantio de árvores de grande porte próximas à rede elétrica. O toque da vegetação nos componentes da rede - como cabos e transformadores - é o responsável por cerca de dois terços das interrupções de energia em toda a área de concessão da distribuidora. Por isso é importante que, ao plantar qualquer árvore, os moradores analisem o espaço e projetem o crescimento daquela muda. Recomenda-se que perto de redes elétricas ou mesmo do ramal de ligação do cliente - o fio que sai do poste e vai até a casa ou prédio - não se plante árvores de maior porte.
Espécies de médio e grande porte devem ser plantadas, preferencialmente, em praças e espaços que comportem o seu desenvolvimento pleno a fim de não gerar conflitos com as estruturas do contexto urbano em geral (redes de energia elétrica, água, internet, calçamentos, etc.).
A RGE e o Grupo CPFL têm um Guia de Arborização completo com as espécies mais indicadas para serem plantadas nos diferentes espaços, tipo de podas que podem ser feitas, manutenção da vegetação, legislações do setor, entre diversas outras informações. O guia pode ser consultado, na íntegra, através do site da RGE: http://bit.ly/ArborizacaoRGE"